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domingo, 10 de novembro de 2013





O bacalhau com presunto e natas

Os Pirineus iam passando pela janela do trem, serpente de aço que avança à mais de 300kms por hora. As colinas vão dando lugar às altas montanhas e assim vai passando o tempo. As vezes torres medievais aparecem nas margens de rios cristalinos e as vinhas, onipresentes na região sudoeste, vão enfeitando a paisagem neste novembro outonal. As folhas com seus tons avermelhados dão um toque especial e compensa o céu cor de prata, coberto de nuvens que anunciam frio e mudanças invernais.

Assim como as vinhas, as cidades desfilam tambem: Toulouse, Carcassonne, Narbonne, Montpelier, Nimmes...até que na Part Dieu, em Lyon, o trem termina sua longa viagem. Estar com outros colegas, pastores e pastoras, é poder respirar, abrir o coração, contar piadas eclesiasticas e perceber que homens e mulheres da igreja, são gente, normais, alegres e sofridas. A miséria não polpa ninguem! O filho de um colega nasceu com uma doença incurável, um parente querido de outro se foi e a prima de outra, casada com pastor, está se divorciando.

De volta ao quarto na Maison Saint Joseph, eu pensei no quanto a pastoral de Lyon se parece com a reunião da qual voltei dois dias antes de pegar, de novo, a estrada, de ferro. Que seja na reunião em francês, ou naquela para pastores e missionários brasileiros em terras européias; em ambas as mesmas indagações alimentam a conversa.

Foi na semana passada, que saindo de casa, pegando a rodovia que passa atrás de nossa cidade, seguimos o caminho que muitos fazem à pé, e fomos não à Compostela, mas à Galicia espanhola. De lá, pegando a estrada montanhosa, seguimos para o norte de Portugal. Chegando na nação que tanto marcou nossa história, vendo passar pela janela cidades que são sobrenomes conhecidos de nossa gente, ficamos supresos pela beleza que, em vão, a fina cortina de chuva, tentava esconder. Interessante pensar que um país tão minusculo tenha influenciado tanto a historia das navegaçoes do planeta!

Tem viagens que formam a juventude, como se diz aqui na França. Viajar nos ajuda a ver culturas e povos com uma nova perspectiva. Para nossa familia, as viagens aqui pela Europa não somente ajudam a conhecer lugares históricos e belos deste continente que me adotou, mas principalmente para entender algo vital para nossas vidas missionárias: a alegria, as tristezas, os desafios de amigos que como a gente, labutam nesta terra as vezes tão ingrata e árida.

Porto, na época romana designava-se Cale ou Portus Cale, sendo a origem do nome de Portugal. Ali, entre os espinhos, mora um casal de amigos que aprendemos a conhecer. Naquela terra de vinhos excelentes, percebemos uma vez mais que somente quem vive em formigueiro pode entender o que é a vida dificil de uma formiga. Quem vê a vida que levamos aqui de longe, pode dar palpites e até se emocionar com relatos eloquentes, todavia, quem nunca navegou não sabe o que é ficar enjoado em alto mar. E que diga ainda o famoso portugues : «Navegar é preciso, viver é preciso ».

De Espinho, a estrada pegamos, passando por tantos lugares conhecidos e outros menos: Coimbra, cidade do saber, Fatima, cidade de apariçao, Condeixa da Claudia e assim vai seguindo o Portugal, assim a gente chega em Lisboa e encontra outros amigos, outros contatos daqui, dali, de longe, de perto, gente que conhecemos nos anos de peregrinaçoes missionárias por esse vasto mundo.

Gente do Reino Unido, da Espanha, do Brasil, do Estados Unidos... Da Italia os amigos beneditos, trazem sempre um sorriso, que sabemos as vezes escondem lagrimas quentes como um verão romano. Com gente assim nem precisamos falar muito, apenas um olhar e já percebemos muita coisa, pois temos experiências tão parecidas, e juntos já passamos pelos mesmos vales, pelas mesmas dores e ja escalamos as mesmas montanhas.

Os pastores vindo do Brasil proclamam verdades eternas, enquanto a gente se emociana. As vezes são gargalhadas; outras, lagrimas, pois mesmo quem tem fama de palhaço, com um pouco de sensibilidade pode fazer chorar tambem. As histórias de sofrimento, escasses e perseverança, são mais interessantes do que as que falam de números que a gente aqui nem consegue escrever, pois grandes demais para nossa realidade de domingos com 20 , 33 e as vezes, em tempos de festas, 50. Dificil para quem vive de Europa descretianizada pensar em Cinquenta e seis mil e la vai fumaça, numa unica igreja local!

Assim começa, mas tambem termina a conferência Fortalecer em Portugal e a gente pega a estrada de volta, parando em Vila Real na casa de gente boa e acolhedora que nunca tinhamos visto antes. Numa cidade que me fez pensar no Kiko e na Chiquinha, a gente passou à Espanha e enfrentou horas atravessando uma paisagem monótona que convida o motorista à uma boa e perigosa siesta atrás do volante.

Quando finalmente chegamos na verdejante, molhada e montanhosa região Basca, os olhos já não aguentavam ficar abertos e o coração se lembrava do bacalhau com bacon e natas que comemos com amigos num vilarejo do norte do Portugal. Alias, diante da imagem de herois de uma guerra ja conquistada, diante dos olhos de amigos preciosos, diante do bate papo saboroso, a gente até esquece o famoso prato lusitano. A amizade tem mais sabor, mais valor do qualquer culinária, qualquer passeio, qualquer viagem. A companhia de pessoas que sabem sorrir quando festejamos e chorar quando passamos pelo vale da sombra é tudo que queremos, tudo que precisamos.

O trem da pastoral chegou na estação em Bayonne às 0 horas e 39 minutos no dia 8 de novembro. Terminado os bacalhaus e a saborosa comida de Lyon, volto para casa, vendo a chuva cobrir a cidade, atravessando o rio caudaloso que corre ligeiro para o oceano. A vida não para quando a gente volta para casa, ela apenas começa, pois quando aterrimos , a realidade toma seu devido lugar e o sonho fica para trás nas conferências da vida.


Um por todos e todos por um !

sábado, 24 de agosto de 2013





A URINA DA VACA DE BAIONA




As Festas de Baiona trazem às ruas quase dois milhões de pessoas, todos vestidos de branco e vermelho. Um tipo de carnaval de Salvador com vacas nas ruas e muito alcool nas veias da juventude. Cinco dias para dançar, desfilar, brincar, correr atras de vacas, encher a cara de uma mistura de suco de laranja, vodka, uiske e tudo que se conheça como bebida alcoolica.
                         
As primeiras festas de Bayonne ocorreram em 1932 e os unicos anos sem festas foram os da segunda guerra mundial. As mesmas foram inspiradas pelas festas de Pamplona, capital da Navarra, do outro lado da fronteira, na Espanha. As festas de Pamplona figuram em terceiro lugar em popularidade, perdendo para o Carnaval do Rio de Janeiro e para o festival da cerveja de Munique.

Vacas nas ruas e touros na arena, assim vai a festa aqui nesta cidade às portas da Espanha. Cada touro que entra na arena, sai dali morto. Nenhum sobrevive. De uma forma ou de outra, a tradição pede que o touro morra. Um tipo de circo romano onde a fera luta contra o homem e sempre sai perdendo. Documentos encontrados na cidade, indicam que em 1289 já haviam touradas na cidade. Gente importante como o rei Philippe V d'Espagne, Napoléon III e Eugénie de Montijo, Mérimée, Gustave Doré, Montherlant, Hemingway e Picasso, já assistiram uma tourada em Baiona.

Enquanto os touros agonizam dentro da arena, na cidade os restaurantes esperam a carne sacrificada à ansia sanguinaria do ser humano. Na noite da matança, o povo comerá carne de touro da arena, por certo acompanhada de um bom vinho da Aquitania, nossa região.

Na avenida 11 de Novembre 1918, durante as Festas, milhares de pessoas dançam o fandango, dança tipica da região basca ao som de grupos folclóricos locais. Enquanto isso, na estreita e medieval rua do Temple, eu e um musico do Brasil, evangélico e professor de ritmos brasileiros aqui na França, cantávamos musicas da harpa cristã e outras de nossa infância bleiana, em ritmo de bossa nova.

Aquela foi a pela primeira vez na historia das igrejas protestantes/evangélicas da região, que foi organizado, no centenário edifício da igreja Lutero-reformada, o bar do reverendo (sem álcool). Como na vida as vezes nada se cria e tudo se copia, decidimos organizar o bar protestante como os católicos organizam o bar do padre durante as Festas de Bayonne.

Alem de bossa nova à tarde e à noite toda, os visitantes cansados de vacas, álcool e fandango, podiam descansar no nosso bar, beber agua; ou suco e saborear um amendoim especialmente preparado para as festas.

O Cedric chegou no inicio da noite naquela sexta-feira e ficou até que o bar fechasse. Alguns dias depois, quando o convidamos para jantar em nossa casa no bairro de Marracq, ele nos contou um pouco mais de sua historia.

“Ha alguns anos atrás eu morei numa outra cidade. Um dia estava numa academia, tentando perder uns quilos quando um rapaz veio conversar comigo. Ele foi direto ao assunto: ‘Voce conhece Deus? Sabe para onde vai quando morrer?' O que mais me deixou surpreso, foi o fato do rapaz ter abordado questões que naquele momento me deixavam sem sono. Como se alguem tivesse contado para o rapaz o que eu trazia no meu coração. Tudo que aquele individuo me falou naquele dia na academia, trouxe ao meu coração um profundo desejo de conhecer mais sobre Deu e sobre a mensagem de Jesus. Depois de um tempo eu me mudei para Bayonne e desde então tenho procurado alguem que me fale de Deus. Naquela sexta-feira, na Festa no final de julho, eu estava meio perdido. Tendo deixado alguns colegas; com quem eu havia bebido um pouco, eu me perdi nas ruas estreitas do centro. Foi ai que eu vi a grande faixa vermelha e branca do bar do pastor.”

Na segunda feira, depois da Festa, a prefeitura manda lavar, literalmente, as ruas da cidade que já foi morada de romanos e tantos outros povos antes e depois. As pedras milenares ficam manchadas e não somente de urina e excrementos de vaca. Quando vou ao centro da cidade depois da Festa, vendo os funcionários lavando as ruas, não posso deixar de pensar que existem manchas que somente o precioso sangue do Cordeiro de Deus é capaz de lavar.

No mesmo dia em que fiquei conhecendo o Cedric, em meio a urina das vacas de Baiona, descobri que eramos vizinhos. Mundo pequeno e um Deus imenso e cheio de graça!


Damaceno Junior



quarta-feira, 26 de junho de 2013






"Comigo, ninguém tem paciência!”.


Escrevo mais como passatempo do que para ser lido pelo mundo brasileiro afora. Quem ainda lê hoje em dia? Alem das citações, das reclamações, das bobeiras postadas no facebook, ninguém lê coisa alguma nestes dias de revoluções e apostasias. Imagino que alguns cristãos leem a Bíblia, ainda, antes da oração matinal, antes do começo do dia, antes do trem, do metrô, da caminhada, da bicicleta...antes que a vida comece. Todavia certas tradições são importantes, por isso esta cronica se fez necessária, para os amigos, pelo menos.

Ano pobre em cronica, porem rico em águas. Muitas águas rolaram na vida aqui na região basca francesa, literalmente. A primavera chegou e se foi e a cronica não veio. Faltou criatividade durante os longos meses de dilúvios e enxurradas sem fim. Nos altos Pirineus, casas foram arrastadas para dentro dos rios, o santuário de Lurdes ficou de baixo d'água e os turistas voltaram para onde vieram, pois o astro rei nos abandonou este ano e a praia ficou da cor de rio sujo e foi interditada. A primavera foi invernal e o verão está mais com cara de outono do que de estação propicia à praia. Nas montanhas, a neve continua cobrindo os altos picos, mesmo em pleno verão. Coisa rara em final de mês de junho, nestas latitudes franco-espanholas. São os finais dos tempos!

Depois do inverno, uma viagem ao Brasil, marcou uma parte importante da vida. Pude compartilhar, fazer e dirigir teatro, comer churrasco e tomar chimarrão, rir, chorar... Rever a família depois da perda de minha querida mãe, foi muito importante, mas o silencio ao entrar na casa onde ela morou e eu cresci, foi horrível e indescritível. Mesmo em cronicas a gente não consegue escrever a dor do vazio, da falta que uma pessoa tão querida como uma mãe faz em nossa vida.

A viagem foi: seis aviões, as igrejas, as palestras; o corre-corre no sul, em Brasília, Goiânia, as pamonhas, BH, os restaurantes mineiros, Juiz de Fora com amigos que conheci em Bethune, Cabo Frio e a festa para comemorar os 50 anos. O bolo foi feito no Rio e tinha a cara do Chaves, literalmente. Não podia ser outro bolo e tinha que ter sido feito no Rio. Isso, isso, isso, pois para um pastor que canta musica barroca (com voz de castrado), faz teatro e mora no sul da França, somente um bolo com a cara do Chaves poderia servir para uma comemoração tão importante. 'Comigo, ninguém tem paciência!'

Antes do aeroporto, uma parada no aniversario da Volantes em Serô onde estudei na década de 80. Isso somente entenderá quem foi volantes, os outros vão passar para o próximo paragrafo, ou parar por aqui. Cronica chata!

Assim que voltei para a França, fiz um batismo numa praia em Biarritz, me mudei para outro bairro de Bayonne, participei de conferencias pastorais regional e nacional, fiz um enterro de uma senhora de 100 anos e falei num encontro da ABU sudoeste. Neste encontro da Aliança bíblica universitária, nas minhas palestras, tive tradutora. Não porque tenha falado em português. Nada disso, falei em francês mesmo, todavia tudo foi traduzido para o chines. Que outra língua esperavam que fosse? Mesmo nos confins do sudoeste da França, grande parte dos participantes nos congressos para estudantes cristãos, é composta de jovens do gigante asiático. A igreja chinesa está enviando missionários para evangelizar estudantes chineses nas universidades do Hexágono. Interessante!

Voltando do Brasil pensei na realidade dos anos que passam, pois como todo mundo, estou ficando mais maduro, com mais cabelos brancos. Tudo isso longe do chão que me viu nascer, longe do lugar de minha infância, longe do aconchego da pátria amada. Porem, cada vez que assim penso, chego sempre à mesma conclusão que, mesmo em tempos de grandes indagações e crises, o melhor lugar do mundo é onde Deus me colocou. Nem as mangas do Brasil, nem os amigos que amo tanto, nem a oportunidade de direcionar teatro para 50 pessoas, nem as praias maravilhosas do Cabo Frio, nem mesmo o pequi de Goiânia, pode trazer mais alegria ao meu coração do que a certeza de estar no lugar onde Deus me plantou.

Alguns afirmariam: se morasse no sul da França diria o mesmo. Verdade, ajuda, viver num lugar tão lindo, todavia não me esqueço daquela historia das cinzas no paraíso. Nem tudo aqui são flores e mesmo o violento e maravilhoso golfo de Gasconha, a gastronomia famosa, as lindas montanhas, nada poderia fazer com que permanecêssemos aqui, somente a graça divina o faz. Nossas mãos estão num arado que ara num mundo invisível. Nosso trabalho está mais para campo de batalha do que para pique-nique à beira mar, pois labutamos não apenas na terra que pisam nossos pés, mas numa realidade que somente é visível aos olhos do espirito. Ainda bem que nos lugares celestiais, Deus tem paciência comigo.



sábado, 22 de dezembro de 2012




O fim do mundo.


O dia amanheceu com ares de fim de mundo. Um vendaval soprando atlântico afora, derrubando galhos de arvores, atravessando os campos e vilarejos da região basca, se esbarrando contra o paredão rochoso chamado de Pirineus. Aquele muro que separa a França da Espanha. Pegando a rodovia de Toulouse, as 9:12 da manhã, seguindo as montanhas, fui visitar 'monsieur' Martin.

Foi ao chegar no apartamento do dito senhor, que pensei: 'isso dá matéria para um cronica, porem tão incrível que os fies e os infiéis leitores vão pensar que, precisando de uma cronica para marcar o fim do mundo, eu inventei a historia'. Por incrível que pareça, é tudo verídico, tirando os blá blá blas de sempre, claro.

Vimos o senhor Martin na semana passada. Ele apareceu no culto da manhã e me perguntou se podia visita-lo durante a semana. Quando me disse onde morava, eu não exitei. Mesmo que seja o dia do fim do mundo, não tenho como não ir. Vou poder contemplar a beleza das montanhas de novo!

Mesmo as nuvens negras vindas do oceano, não conseguiram esconder a beleza da cadeia montanhosa que nasce no mediterrano e se joga, literalmente, dentro do oceano. La estavam os picos colossais, cobertos de neve, lindos como sempre. Não pude ignorar que o rio que atravessei, tinha aquela cor tipica de rios que descem das altas montanhas, águas cristalinas, azuladas....

Tanta beleza, porem não consegue esconder os traumas, os sofrimentos, as lagrimas que inundam a vida das pessoas, como a daquele senhor. As vezes a gente esquece que por mais belo que seja a paisagem, ela não impede que a morte reine, que as trevas cubram a vida dos seres humanos que povoam este planeta que para muitos acabou já faz tempo.

Separação, distancia dos filhos, apartamento vazio, desemprego, uma televisão, um colchão no chão, duas bisnagas francesas e um cachorro. Tudo o que sobrou, o que ficou, o que ainda não se foi. Sentei no chão e fiquei ouvindo a historia triste daquele homem que estava perdendo o que o ser humano tem de mais precioso, sua dignidade.

Ao lado do colchão um tesouro. Posta ali no chão frio, preta, como tantas outras, um livro. O famoso livro! O livro, que é pagina escrita, conteúdo revelado , poderoso, divino, voz de Deus falando, mesmo no deserto de um coração conturbado e sofrido. Aquele homem estava lendo o Evangelho segundo Mateus.

“Meu primeiro encontro com um cristão protestante aconteceu tem uns quatro anos. Estava viajando pelo país, passando por uma estrada perigosa, num momento de inatenção, perdi o controle do carro e cai numa vala e não pude sair. Carros passaram, se foram, ninguém quis ajudar. Quando já começava a desesperar, um carro parou e dele saiu um casal. Não conseguimos tirar o carro da vala. Fiquei surpreso quando o casal se prontificou de me levar à minha cidade, longe dali. Me deixaram em casa, anotaram o telefone num pedaço de papel e se foram. Na confusão, perdi o telefone, mas uns tempos depois minha esposa encontrou o pedaço de papel e entramos em contato com o casal que me ajudou a sair do buraco. Daquela vez eu soube que eles eram cristãos. Foi a primeira vez que ouvi alguém falar do Evangelho de Deus.'

Fiquei olhando para aquele homem que mal conhecia e fiquei pensando como Deus age, como não abandona o homem, mesmo que este tenha decidido de passar pelas estradas perigosas da vida. Como ele as vezes faz com que um carro saia da estrada, caia numa vala numa estrada deserta longe de cidade e vilarejo, no meio das montanhas sublimes!

“Como o senhor ficou conhecendo nossa igreja?' Eu quis saber. 'Eu vim morar nesta região à procura de emprego. Mulher, mala, cuia (cuia europeia, claro), crianças e vontade de mudar de vida. Um dia passando pela estrada costeira, eu vi, em frente de uma casa um carro à venda. Parei e perguntei sobre preço e tudo mais e no final eu ganhei uma Bíblia e um convite para ir a igreja.”

Voltando para casa, eu me lembrei que a pessoa da igreja que estava vendendo o carro morava na estrada que pegamos todos as quintas para estudar a Bíblia em Saint Jean de Luz. A casa fica realmente à beira da estrada. Exatamente no lugar de onde se vê as montanhas e o oceano. Minha vista predileta da região.

E até agora nada do mundo se acabar, quem sabe em 2013. Se terminar em 14, a copa do mundo brasileira... Enquanto não termina, vamos lutando, batalhando, levando aos corações as Boas Novas vindas da Eternidade.

Um por todos e todos por um.



domingo, 25 de novembro de 2012




A grelha de São Lourenço





O trem subia, feito serpente de ferro, as montanhas do país Basco espanhol. No inicio da viagem, as paradas anunciadas em espanhol, basco e inglês, era folclórico e interessante. Seis horas depois, os anúncios tri-lingues enchiam a paciência dos passageiros e nosso maior desejo era que o bendito trem chegasse em Madri. Eu estava indo ao congresso Fortalecer. Outros tantos brasileiros vindos de vários países da região, também compareceram. Naquele dia ensolarado de novembro, assim que o culto acabou em Biarritz, corri à estacão e peguei um trem que chegava de Paris, atravessei a fronteira e peguei o famoso trem poliglota em Irun.
Primeira vez em Madri. Amei o céu azul e a limpeza das ruas da capital espanhola. De Madri se vê as montanhas onde a conferencia aconteceu. Um outro trem e a gente chega aos pés dos montes, sobe uma rua por onde passaram homens e mulheres dos mais poderosos que a Europa conheceu e chega na Casa San Jose.

Fortalecer é aquele tipo de encontro, ao qual todo missionário, longe de casa, sonha participar. A gente, que vive do outro lado do mundo em países onde uma igreja de 100 pessoas já é quase um mega church e em 10 anos de pastorado se batiza sete pessoas. Aquele tipo de encontro que, ou te deixa com complexos de inferioridade e deprimido, ou trás alento novo ao seu coração. Você diz consigo mesmo: 'Se Deus pode utilizar os mineiros, paulistas, cariocas, o pastor tal, a igreja tal, nesta e naquela circunstancia, ele por certo fará algo tremendo aqui na França, Itália, Portugal, Espanha... Contextos, culturas e línguas diferentes, mas o mesmo Deus'.

O louvor devorando nossos corações, consumindo o silencio de anos cantando com apenas quarenta pessoas. Estar com tanta gente do país amado e que, como a gente, saiu de casa para anunciar as Boas Novas em terras europeias, consola tanto! Ficávamos sem saber se riamos ou chorávamos. A maioria das vezes, ambos.

A animação é grande. Os preletores vem daquelas igrejas que são tão grandes que aos olhos franceses, espanhóis, portugueses, italianos, parece grande demais para ser verdade. Um dos responsáveis dá as boas vindas aos missionários e pastores vindos de vários países da Europa; vindos dos USA e de outros lugares que por motivos de segurança, não serão citados nesta cronica.
As apresentações continuam. O momento tão esperado chega finalmente. Os preletores se levantam e vão à frente. A gente fica meio decepcionado, tal o profeta Samuel diante da simplicidade do pastor de ovelhas que ele ungiria rei de Israel. Eu imaginava o pastor tal bem maior, menos gordo e mais bonito também.

Pastores super ocupados, dois quais, alguns eu nem imaginava que um dia apertariam minha mão. Um deles até me perguntou se não me havia visto em algum lugar. Eu fiquei contente, era de se esperar, mas por certo que um homem que prega todos os domingos para milhares de pessoas, não saberia quem era o franco-brasileiro, menos conhecido do circuito evangélico, que segundo certas estatísticas, passam dos 40 milhões.

Para meus irmãos franceses é quase que querer comparar nosso planeta com a galaxia onde moramos. São números que não se pode entender aqui.

E lá estavam os pastores famosos e cheios de compromissos, que atravessaram o oceano para falar para um gato pingado de missionários e pastores. Quem se importa em falar para gente como nós, que não damos ibope algum! Alguém já ouviu falar da igreja evangélica francesa, espanhola, italiana, portuguesa, etc... que tem 30, 40, 50, 10, membros que não publica revista alguma, que não grava cd algum de louvor, que quando batiza uma única alma, já faz festa? Mas por incrível que pareça, os homens famosos vieram, falaram, encorajaram e fizeram a gente chorar.

Números não impressionam a Deus, creio. Alias nada deve impressionar o Senhor do Universo. Se um dia for possível que ele se surpreenda, imagino que vai ser com a simplicidade do seu povo, com o coração simples que se importa, que chora e que abraça o missionário sem nome. Deus se alegra com a alma singela, acostumada a orar por milhares de uma só vez e que ao orar por você diz: 'Senhor abençoe o Damaceno...eu profetizo que a obra do Senhor na França não morrerá, mas prosperara....'

Saindo da Casa San Jose, virando à direita, subindo a ladeira, a gente chegava aos pés de um dos maiores monumentos do país, O El Escorial. Um monumento complexo, construído pelo rei Filipe II da Espanha no final do seculo XVI, em comemoração da vitoria na Batalha de Saint Quentin em 10 de agosto de 1557 sobre as tropas de Henrique II, rei da França; e para servir de lugar de enterro dos restos mortais de seus pais, o Imperador Carlos I e Isabel de Portugal, assim que seus próprios e dos seus sucessores. O El Escorial é também um santuário erigido à gloria da contra-reforma. Ali dentro estão guardadas uma das maiores coleções de relíquias do mundo católico. Cerca de 7 500 relíquias são guardadas no famoso monumento.

A planta do edifício, com as suas torres, recorda a forma de uma grelha, pelo que tradicionalmente se diz que se fez assim em honra à São Lourenço martirizado em Roma no suplicio da grelha.

As cinzas de Charles Quint, pai do construtor do El Escorial e famoso rei espanhol, nascido em Gand, na Bélgica e que reinou sobre os Países Baixos (norte da França, Bélgica e Holanda), foram transferidas e colocadas na catedral dentro do famoso monumento, ao lado de seu filho Filipe II. O mesmo Charles que combateu os protestantes no inicio da Reforma e foi Imperador do Santo Império Romano Germânico. Considerado o príncipe mais poderoso do seculo XVI. Um homem que viveu apenas 58 anos, mas teve grande influencia na historia da Europa e das Américas.

Olhando o impressionante monumento funerário a gente fica pensando como um homem tão poderoso se resume hoje, a um amontoado de poeira! De belo somente o mármore que cobre a poeira fúnebre que ninguém ousaria expor. Um homem temido por tantos, grande conquistador, defensor da santa fé romana, reduzido à poeira histórica.

Voltando da conferencia, fiquei pensando que no final das contas, poderoso mesmo, só aquele que vive e reina pelos seculos dos seculos diante de quem todos nós, crentes, pastores, missionários, mercenários, reis, presidentes, poderosos, gentalha em geral, um dia compareceremos.

Um por todos e todos por um.








sábado, 10 de novembro de 2012



A lata de azeite de cinco litros








Do alto da colina em Bidart, se tem uma das mais belas vistas da Costa Basca. As vezes a gente torce para que o semáforo fique vermelho para que possamos ficar mais tempo observando a grandeza da natureza; contemplando a beleza sem igual que, graciosamente, nos é oferecida. Do lado direito, o atlântico azulado, com suas ondas gigantes e do outro os Pirineus cujos picos mais altos começam a branquejar. As montanhas mais próximas geralmente são azuis como o mar que faz da Costa Basca uma região surfista de renome internacional. Quem nunca ouviu da boca dos orgulhosos moradores da região: 'Moramos numa região onde se pode esquiar pela manhã e surfar à tarde.'

Ontem fomos a Espanha, passando pela estrada de Bidart. Ao parar no mesmo semáforo, perto do cemitério da cidade, eu vi, pela primeira vez, desde que viemos morar na região, que a neve havia chegado nos picos mais elevados da impressionante cadeia montanhosa. Aproveitando as férias de Todos os Santos (os santos não estão de férias, mas as crianças sim), estávamos indo à Espanha com as meninas. O céu azul, as montanhas azuis e o mar também, já bastam para sairmos por ai de carro, sem pressa, apenas observando tudo isso; deixando a alma se saciar de beleza e tranquilidade. Espanha por aqui rima com gasolina barata, cigarro barato e tantas outras coisas mais baratas, como a lata de azeite de 5 litros que, por incrível que pareca, custa apenas 15 Euros.

Alem de passear e ver o mar do outro lado da fronteira, a gente para no famoso Al Campo, o supermercado que na França se chama Au Champ e que em português se chamaria Ao Campo. Ali, no famoso supermercado nascido no norte da França, se compra caquis e mangas da Espanha, feijão preto do tipo brasileiro e outras coisas que aqui na França custam o olho da cara. Uma vez pelo menos a gente compra os 5 litros de azeite, pois vale a pena pois é tão mais barato! A gente volta para casa com a aquela ideia quase boba e pueril de que esteve em outro país, mesmo que tenha viajado apenas 30 minutos no carro.

Hoje voltamos à estrada N10 passando por Birdart. Como toda quinta, eu e minha esposa passamos por lá, indo estudar Tiago com um pequeno grupo na maravilhosa cidade de Saint Jean de Luz. Depois da reunião, afim de matar dos coelhos com uma cajadada só, íamos orar com a 'Madame e o Monsieur' du Catô Marquê. Senhor Marquê vem sofrendo de câncer tem mais de 3 anos. Semana passada eu fui orar com eles, juntamente com um outro senhor da igreja de Biarritz. Eu não conhecia o senhor Marquê, apenas havia encontrado sua esposa na igreja há duas semanas. Desesperada a senhora buscava ajuda, buscava conforto na oração.

As 13h30 passamos pela clinica onde o senhor estava internado. Da N10 se vê a clinica, mas geralmente as pessoas preferem olhar para o mar, do outro lado da estrada, ou para as montanhas que parecem surgir imponentes, colossais, de onde a cidade termina. Assim que a reunião terminasse, voltaríamos àquela clinica para orar.

14H30, o estudo avançava consideravelmente. De Tiago fomos à João e Romanos (o tema de hoje foi sobre as tribulações da vida). O telefone tocou varias vezes. Eu havia, de novo, esquecido de desligar meu celular. Como o mesmo não parava de tocar, decidi atender. Era a voz de madame Marquê, tremula, chorando, que me anunciava que seu esposo havia falecido às 13h00. Não consegui terminar o estudo direito. Me enrolei nos textos, fiquei meio paralisado. Portanto hoje não foi a primeira vez que tive que ir orar por uma família e ver um corpo informe, frio e pálido ainda na cama do hospital. Mas acontecimentos deste tipo sempre trás à tona realidades dolorosas de nossa própria historia.

Saímos às pressas da casa de nossa amiga e fomos orar com a senhora Marquê, que nos esperava ao lado do corpo de seu defunto marido. Um outro casal estava no quarto. Os amigos do defunto, cabisbaixos, tristes, esperando que os homens da funerária chegassem para levar o corpo do falecido.
'Como aguentar uma coisa tão dorida como esta! Monsieur du Marquê, era uma pessoa tão cheia de vida, que gostava de festa, gostava de dançar...' Disse a amiga.

Tudo muito recente, apenas uma hora e meia que o outrora senhor Marquê, havia cessado de respirar. Cheiro de morte é uma abominação com a qual ninguém se acostuma. Abri minha Bíblia e li o salmo 23, texto predileto de minha falecida mãe. Li, orei e cantei o mesmo salmo. Aproveitei e falei de como minha mãe gostava daquele texto e como Deus a havia levado para si em julho. 'A graça me sustentou. Somente a graça e fé em Deus pode nos consolar em momentos de perda como este', disse.

A senhora que, juntamente com o marido, viera chorar a perda do senhor du Marquê, me disse: 'Pastor talvez seja por isso que eu sofro tanto. Eu não creio em nada. Não tenho fé. Há 40 anos atras, eu e meu marido morávamos na Africa e minha querida mãe e um irmão, morreram num acidente de carro aqui na França. Na época não podíamos viajar com facilidade, então eu não pude vir para o enterro de minha mãe e de irmão. Até hoje eu sofro e fico pensando que meus queridos não morreram, mas continuam perdidos por ai...'

No momento da oração, quem mais chorou naquele quarto de hospital, não foi a senhora que acabara de perder seu marido, mas a outra que todos esses anos vive um luto que nunca tem fim. Uma esperança de vida, onde só existe morte e duvidas. Ao ver as lagrimas da senhora eu disse simplesmente: 'Seja abençoada minha senhora. Que a Paz de Deus seja com a senhora.' Ela olhou nos meus olhos, os dela cheios de lagrimas e disse: 'Obrigada pastor!'



Um por todos e todos por um.
























terça-feira, 23 de outubro de 2012


As castanhas de Itxassou.




Os vales suaves e as primeiras montanhas da impressionante cadeia dos Pirineus, aparecia do outro lado da janela, cada vez que abríamos as cortinas de nosso quarto no albergue onde estávamos participando do final de semana da igreja de Biarritz. Linda paisagem! Nosso primeiro encontro deste ano, foi um tempo para conhecermos melhor os membros da igreja onde começamos nosso segundo pastorado aqui neste país. Este ano o preletor foi o pastor Junior Damaceno, o novo e primeiro pastor de uma igreja que tem 10 anos.

Nossa identidade em Cristo foi o tema que escolhi. Um estudo baseado nos versículos 3 a 14 do capitulo primeiro desta maravilhosa epístola paulina. Do lado de fora, os dias outonais ainda se pareciam com os do fim do verão. E as montanhas mudavam de cor, sem muita pressa. Enquanto em outras regiões as arvores já estão vermelhas, aqui elas começam apenas a amarelar. A neve chegará quando novembro estiver findando. No vale profundo corre um rio, o mesmo que atravessa a cidade onde moramos, 25 minutos mais longe, de carro, claro.

Naqueles dias de tranquilidade e comunhão, pensei nas ultimas semanas e nas coisas incríveis que vivemos aqui na região basca francesa desde que chegamos em julho. Três semanas atrás estava indo para uma reunião de estudos bíblicos sábado pela manhã. Chuva caindo, eu parado, esperando o sinal abrir, um pensamento atravessa minha mente: 'O casal onde o estudo bíblico será realizado, vai te falar de um carro.' Pensamento materialista, nada espiritual, pensei. Nada de almas que serão resgatadas das trevas, de bençãos dos céus derramadas sobre a igreja de Biarritz, não, apenas um carro. E por falar em carro, o segundo carro que jamais possui já devia ter morrido, se as predições de nosso garagista do norte da França tivessem se tornado realidade. A ultima do nosso ex-garagista, português de origem, foi: 'Eu conheço Biarritz, fica na estrada que todos os anos pego para ir visitar a família em Portugal. Longe demais. O carro de vocês não vai resistir uma tão longa viagem.'

O corro sobreviveu até agora, mas naquela manhã, quando a reunião de estudo bíblico terminou a senhora me chamou num canto da sala e me disse: 'Temos um filho que mora em Paris que está vendendo o carro...O veiculo está em ótimo estado. O preço é muito bom e pensamos logo em vocês.' Por incrível que pareca, eu havia esquecido o pensamento que atravessara minha mente duas horas antes. O carro cinza, não é o único que envelheceu. Quando cheguei em casa, eu me lembrei do dito pensamento que atravessara minha mente, quando havia parado no semáforo perto da igreja de Saint Martin em Biarritz. Corri para o computador e abri o email que o filho da senhora havia enviado, depois de ter recebido um telefonema da mãe dele. Lá estava o carro verde, da mesma cor do meu primeiro carro, aquele que perdi num acidente na Inglaterra. Aquele acidente em outubro de 2003 que quase me promoveu às mansões celestiais.

Não sabíamos de onde o dinheiro sairia, vida missionaria tem dessas coisas. A maior surpresa, foi quando demos uma olhada na conta, onde depois de muitos anos depositamos 50 euros por mês, que descobrimos que o dinheiro para comprar o carro de Paris estava lá, guardado, esperando por aquele veiculo verde, da cor dos campos da Região Basca. Agora podemos parar de orar que o carro não quebre enquanto percorremos as estradas, indo e vindo, ensinando nos vilarejos, nas cidades..enquanto proclamamos a Vida Eterna em terras bascas.

Um bilhete e seis horas percorrendo a França de trem bala e eu cheguei em Paris. O mais lindo de tudo isso, não foi entrar no carro e percorrer as ruas da capital, seguindo o rio sena, correndo na direção de Notre Dame, de la Place de la Concorde, mas foi a grande 'Jesuscidência', pois na mesma semana em que o dono do carro me disse que o mesmo estaria disponível, duas famílias de amigos brasileiros, estavam passeando na capital francesa. Que alegria, chegar na estação de trem em Montparnasse e encontrar os amigos gaudérios!

Melhor do que comprar um carro que ainda tem muitos anos pela frente, um carro verde, um carro francês, foi poder rever amigos preciosos, dos quais, alguns, já não via ha muitos anos. Preciosos amigos! Nenhum bem neste mundo pode ser mais precioso do que a comunhão com Deus e com as pessoas que amamos. Com uma família de amigos de longos carnavais, pascoas, natais, tudo quanto é festa, atravessei a Cidade Luz no novo carro, os outros amigos da capital brasileira, eu encontrei no dia seguinte no centro financeiro 'de la France': la Defense. Uma hora apenas! Tempo para abraços, beijos, risos e troca de presentes. Uma lembrança da região basca para elas e para mim, uma caixa de paçocas e um tubo de plastico cheio de pés-de-moleques do Brasil.

Apenas dois dias antes de Paris, em Itxassou, o povo da igreja de Biarritz colheu muitas castanhas nas estradas perto do albergue onde ficamos. Aquela linda estrada, que atravessando os campos repletos de ovelhas e vacas, nos levava às margens do rio Nive. A noite, voltamos para o Albergue, comemos castanhas assadas, rodeados dos nossos novos amigos do sul da França, nossa igreja, nossa família.

Castanhas em Itxassou e dentro do carro, voltando de Paris, eu e Deus, deixando para trás a capital com seus engarrafamentos, sua poluição, enquanto via passar pela janela a França inteira, saboreava os deliciosos pés-de-moleques de Brasília.

Um por todos e todos por um.